Fugas - Viagens

  • Lisboa, Fronteira
    Lisboa, Fronteira Daniel Rocha
  • Porto, Serralves
    Porto, Serralves Paulo Pimenta
  • Porto, Serralves
    Porto, Serralves Paulo Pimenta
  • Sintra, Regaleira
    Sintra, Regaleira Enric Vives-Rubio
  • Sintra, Regaleira
    Sintra, Regaleira Enric Vives-Rubio
  • Sintra, Montserrate
    Sintra, Montserrate Enric Vives-Rubio
  • Sintra, Montserrate
    Sintra, Montserrate Enric Vives-Rubio
  • Lisboa, Gulbenkian
    Lisboa, Gulbenkian Daniel Rocha
  • Lisboa, Gulbenkian
    Lisboa, Gulbenkian Daniel Rocha
  • São Miguel, Terra Nostra, jardim e piscina termal
    São Miguel, Terra Nostra, jardim e piscina termal João Silva
  • São Miguel, Terra Nostra
    São Miguel, Terra Nostra DR
  • Madeira, Jardins da Quinta do Palheiro
    Madeira, Jardins da Quinta do Palheiro DR
  • Mosteiro de Tibães
    Mosteiro de Tibães Adriano Miranda
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    Quinta da Aveleda Nelson Garrido
  • Quinta da Aveleda
    Quinta da Aveleda Nelson Garrido
  • Parque das Pedras Salgadas
    Parque das Pedras Salgadas DR
  • Parque das Pedras Salgadas
    Parque das Pedras Salgadas DR
  • Enric Vives-Rubio

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Jardins de Portugal, as mais belas paisagens verdes

Mosteiro de São Martinho de Tibães. Braga, Mire de Tibães. Aberto de segunda-feira a domingo, das 9h30 às 18h. www.mosteirodetibaes.org
O mosteiro organiza e acolhe várias actividades ao longo do ano. É possível realizar uma visita sem acompanhamento (de forma livre, com áudio-guia ou através de QRcode) ou com o acompanhamento por um guia.

Quinta da Aveleda: Vénia à família Guedes

Esqueçam os vinhos e os queijos que lhes dão fama. A Quinta da Aveleda, nos arrabaldes de Penafiel, é tudo isso, mas se ali fomos desta vez foi para tentar deixar isso em segundo plano e apreciar um tesouro guardado pela família Guedes há várias gerações: um jardim romântico carregado de história, de árvores magníficas e plantas escolhidas a dedo pela beleza da sua floração.

O problema, percebemos em dois dedos de conversa, é que não podemos esquecer os vinhos. Na verdade, é graças a eles que tudo isto chegou até nós, como nos explica António Guedes, pai e tio dos actuais administradores e filho de um dos sete irmãos que, tendo decidido fundar uma sociedade agrícola, salvaram esta propriedade, e a empresa, de uma pulverização por herança que, muito provavelmente, nos roubaria a possibilidade de passearmos hoje pelo legado desta família.

A vénia aos Guedes começa por ser devida a Manuel Pedro Guedes, bisavô do nosso guia, que se esforçou, espírito do tempo, por dar um ar romântico aos jardins da quinta, recriando no interior dos seus muros ambientes que o século XIX nos legou por essa Europa fora. António Guedes, que aprendeu com a família e com quem o visita, lembra-se de um arquitecto paisagista lhe ter ter explicado que, num jardim, como na vida, é bom que a próxima curva do caminho nos mostre algo, um motivo de interesse, que nos dê forças, e curiosidade, para prosseguir. Parece um lema empresarial, mas é também uma forma interessante de se pensar um espaço verde com tanto caminho para percorrer.

Aqui não faltam, nas linhas de horizonte fechadas pela densa vegetação, surpresas. O ruído de uma fonte, um eucalipto que já era gigante quando o avô de António se deixou fotografar debaixo dele — e a imagem está ali, num placard, para que respeitemos ainda mais esta magnífica exótica —, a casa do porteiro, que parece saída de um conto dos irmãos Grimm, ou a casa de chá ao mesmo estilo, com telhado de colmo e pedra a imitar troncos retorcidos, construída sobre uma ilha artificial, num lado artificial onde foi plantada uma janela manuelina que já foi da Casa do Infante, no Porto, oferecida por Thomas Sandeman a Manuel Pedro.

Com amigos destes, e com o bom gosto que se nota ainda no que dele chegou até nós, Aveleda só podia ser o que é. Um jardim onde um cepo de uma árvore morta nos lembra que, há quinze anos, ela caiu com 167 anéis; onde duas sequóias prolongam nas suas alturas os nomes de Roberto e Fernando, pai e tio de António, denunciando assim, de outra forma, a passagem do tempo. Porque se é uma verdade que o jardim é o tempo no seu modo verde, em lugares como este se percebe que é preciso dar tempo ao verde.

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