Fugas - Viagens

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Cuba: Jogo de sombras (mais o sol das Caraíbas)

Cayo Coco e Cayo Guillermo, o idílio aqui tão perto

Ir a Cuba e não ir às praias será mais ou menos a mesma coisa que ir a Roma e não ver o Papa. Mais ainda agora, que estão prestes a iniciar-se os voos charter de Lisboa para Cayo Coco — a quarta maior ilha de Cuba e o principal destino turístico a seguir a Varadero. No vizinho Cayo Guillermo, a poucos quilómetros e acessível por uma cénica estrada construída sobre a Baía dos Cães, mora uma das praias mais bonitas das Caraíbas. Sandra Silva Costa (texto) e Paulo Pimenta (fotos)

Não é, de todo, a melhor maneira de começar a contar uma história, mas foi exactamente o que aconteceu, tintim por tintim. Chegámos a Cayo Coco com fome de praia de postal ilustrado e saímos de Cayo Coco com fome de praia de postal ilustrado. Bronzeado? — nem vê-lo, trouxemos antes no corpo as marcas de quase 40º de febre e de uma gastroenterite arrasadora. A narrativa seria outra se não tivéssemos apanhado aquela chuvada monumental que, soubemos depois, nos atirou para a cama, mas a verdade é esta: naquele momento, não a trocávamos por nada deste mundo.

Imaginem lá a cena: praia de areia branca semideserta, mar azul Caraíbas. Alguém consegue resistir, apesar de o céu, de chumbo, não enganar? Entramos na água, estranhamos-lhe a temperatura (baixa), entranhamos-lhe a temperatura — e nisto o céu torna-se mais ameaçador e só passaram cinco minutos. Caem os primeiros pingos e até achamos piada. Engrossam e percebemos que está na hora de procurar refúgio. Enquanto sim e não, já é o dilúvio que se abate sobre a praia Arrecifes — e nós, hipnotizados com a fúria da chuva, a levar com as gotas, grossíssimas, que furam o guarda-sol de colmo onde nos abrigámos.

Dez minutos, 15, vinte — e sempre aquele som ensurdecedor de água a bater na água, na areia, nas espreguiçadeiras que aqui ficaram esquecidas. Gostamos do espectáculo mas o corpo começa a ressentir-se: estamos encharcados até aos ossos, braços e pernas em pele de galinha, e a chuva não dá mostras de tréguas.

Fazemo-nos ao caminho. O Pestana Cayo Coco, onde nos hospedámos nesta odisseia caribeña, fica a uns três minutos através de um corredor verde de plantas endémicas — só que para o nosso quarto são mais uns três. Parece coisa pouca mas quando chegamos já só tiritamos de frio e suspiramos por um banho a ferver.

Meia hora depois, o sol e o calor regressam a Cayo Coco. E duas horas mais tarde, na estrada indizível que liga Cayo Coco a Cayo Guillermo, pensamos no dilúvio como uma memória quase de outra vida: agora parece-nos que os elementos se uniram para pintar o quadro mais belo que vimos desde que pisamos Cuba.

Há muito quem diga que não gosta de destinos de praia: são chatos, ao fim de dois ou três dias já estamos capazes de cortar os pulsos, blá blá blá, mas que atire a primeira pedra quem resistir a isto. Até onde a vista alcança, estamos num sonho azul: mar e céu praticamente se confundem, árvores-ilha cortam a aparente monotonia cromática, o vento, forte mas quente, alivia o peso do sol, ao fundo uma língua de areia branca e a ponte com risca amarela que une os dois cayos e tem Ernest Hemingway, versão três estátuas de bronze, como se fora o portageiro desta auto-estrada que nos leva bem ao centro do idílio. Foi Hemingway, aliás, quem deu o primeiro grande empurrão a Cayo Guillermo, ao descrevê-lo de forma radiosa no seu livro Ilhas na Corrente, publicado postumamente, em 1970.

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