Fugas - Viagens

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Cuba: Jogo de sombras (mais o sol das Caraíbas)

Contudo, para cabaret cubano não há melhor do que as ruas. Elas são a amálgama da cultura cubana, da actual, da que foi, da que é para dentro, da que é para o mundo. “Quantas “Guantanameras” já ouviram? E quantos mojitos já beberam?”, há-de perguntar-nos uma jornalista cubana. Nós, confessamos, não chegámos a fazer a conta. Mas não nos esquecemos do rapazinho, olhos brilhantes, que nos surge enquanto esperamos um táxi. “En Cuba se va así”: meneia as ancas e remata com um chachachá, antes de pedir caramelos e t-shirts. Ou de Lisete: “Maní, manisero, maní, maní.” É uma voz tão potente, de cantora lírica em sala a condizer, que nos custa a crer que vem dela. É (mais uma) vendedora de cartuchos de amendoins (cinco pesos) — estão por todo o lado, até no trânsito. Elogiamos-lhe a voz e Lisete agradece com um “Suerte, mi amor”.

Há musicalidade nos cubanos, há música na rua — tanta que chega a uma altura em que já a tomamos por certa. Às vezes, até surpreende turistas menos entendidos, como o casal inglês que se encanta, já noite instalada, com o Hasta siempre, comandante, cantado por um músico na rua (e é a única vez que ouvimos a famosa canção de Carlos Puebla). Indiferentes aos turistas são os que, com o rádio ou leitor de CD, portas e janelas escancaradas, dão música a quem quer e não quer ouvir, como DJ omnipresentes de salsa, rumba, bolero; mais indiferentes (ou talvez não) os que acompanham com passos de dança (que não são passos, é movimento puro) nas pedras das calçadas. Afinal, la cubana es bonita y baila bien escutamos numa das noites.

Não nesta noite, em que acabamos no Hotel Sevilla, atraídos pela fachada neo-mudéjar numa das ruas perpendiculares do Prado. Por esta porta passaram artistas, gangsters — todos presentes em fotos a preto e branco que estarão nas fotos dos turistas. Hoje — e todos os domingos — é o grupo Gala Mayor, liderado pelo percussionista Alejandro Mayor, que dá jazz com sabor latino a uma plateia informal onde cubanos e turistas se contam quase por igual. Noite de convidados, entre saxofone-tenor, cantoras e até um velho casal de dançarinos, a filha de Chucho Valdés (neta de Bebo Valdés), Leyanis Valdés, também pianista.

A revolução nas ruas

A música está na rua, os livros estão na Plaza de Armas, onde o antigo palácio dos capitães gerais, típico barroco cubano, domina um topo enquanto no outro o templete, pequeno monumento ao estilo greco-romano, marca o local da fundação da cidade (mais exactamente, da primeira missa). Os vendedores dispõem os escaparates em torno dos muros e muretes do jardim central (povoado de árvores imensas) e oferecem desde a primeira obra editada pós-revolução, D. Quixote, a William Faulkner, sem esquecer toda a literatura revolucionária com Fidel Castro e Che Guevara em destaque.

Certo é que os preços aqui não são baixos, sobretudo quando comparados com as livrarias onde se paga em pesos cubanos. Na Fayad Jamis, livraria que toma o nome de um poeta cubano de origem mexicana, há livros desde dois pesos cubanos (1 CUC=25 pesos), numa oferta que vai das habituais obras revolucionárias e doutrinárias a livros para jovens mães, passando pela poesia do norte-americano Langston Hughes e ao “método” do actor e encenador russo Stanislavski. Numa segunda-feira de manhã o espaço está muito composto. “Os cubanos têm muito interesse pela cultura, creio que pelos estudos obrigatórios. Claro que há sempre 1% que não quer estudar…”, reflecte Carlos, o livreiro de serviço.

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