Fugas - Viagens

  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta

Continuação: página 6 de 16

Cuba: Jogo de sombras (mais o sol das Caraíbas)

É esse interesse pela cultura que leva a filas intermináveis nos cinemas (por estes dias há Festival de Cinema Francês) e ao afã em recuperar teatros. O Gran Teatro de Havana, casa do ballet nacional, apresenta-se com andaimes, o Teatro Martí, edifício neo-clássico e interior de mármores, ferro forjado e frescos, também conhecido por “teatro das cem portas”, acaba de reabrir. Os museus são inúmeros, quase todos gratuitos, e com as mais variadas temáticas: do Museu Nacional de Belas Artes ao Museu da Revolução, cabem museus dedicados ao chocolate, ao tabaco, à pintura mural, à numismática e até aos naipes.

Na Calle Mercaderes, bem no centro da cidade, concentram-se uma série deles (de armaria, dos bombeiros, asiático, mexicano, africano…). Se tivéssemos que isolar uma rua que representasse essa tal mudança que se vive em Cuba e em Havana seria esta. O restauro dos edifícios é ostensivo e as cores brilham, há restaurantes e cafés de design vintage e moderno; há paladares e há lojas de cuentapropistas, sobretudo de artesanato e de recuerdos, o que significa muitas t-shirts e boinas com a efígie de Che, bonés “à Fidel” (e Raul), ímanes para todos os gostos (incluindo, por supuesto, revolucionários — porque a revolução é o melhor merchandising de Cuba). Entre o comércio, descobrem-se um centro geriátrico, uma maternidade, uma cooperativa de costura e até um inesperado jardim que é também uma marca da reabilitação da zona histórica — e Património da UNESCO — onde há centenas de edifícios coloniais e republicanos a segurarem-se à vida apenas por um fio. No caso deste jardim, a reabilitação não foi reconstrução. Os edifícios contíguos exibem as marcas da separação forçada. A guia explica-nos: neste caso preferiu abdicar-se da recuperação do edifício e criar um pequeno parque numa zona densamente edificada e povoada e sem muitos espaços verdes.

Esta é a rua ideal, mas ter todo o centro histórico habanero assim recuperado é quase uma utopia. O plano de reabilitação até acelerou nos últimos 20 anos, mas ainda é demasiado lento (o objectivo é ter 5% da área reconstruída em 2019, para as comemorações dos 500 anos da cidade). Em várias ruas deparamo-nos com andaimes (quase todos a preparar a abertura de hotéis), contudo em mais do que uma vez nos confrontamos com uma cidade que parece saída de um longo bombardeamento. Esburacadas, ladeadas de escombros, estas ruas estão ao virar de cada esquina, com um grupo de rapazes atrás de uma bola, com raparigas em uniforme escolar a regressar a casa, com alguém à porta das ruínas.

Triângulo literário

Não é assim a Calle Obispo, a mais comercial (e mais antiga, do século XVI) de Havana Velha. Como é pedonal, é fácil irmos com a multidão, entre lojas, cafés, gelatarias e até um “pátio dos artesãos”, incluindo alguns estabelecimentos onde se paga em moeda local. Se espreitamos a farmácia Taquechel é porque lhe vislumbramos desde a rua a dignidade antiga conferida por armários de madeira maciça onde se alinham, como num museu, potes de porcelana (confirma-se: é museu embora continue a funcionar como farmácia, herdeira directa da original, do século XIX).

--%>