Fugas - Viagens

  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta
  • Paulo Pimenta

Continuação: página 2 de 16

Cuba: Jogo de sombras (mais o sol das Caraíbas)

O caso de Papito é paradigmático num país como Cuba, onde a iniciativa privada é ainda bem limitada. Num artigo publicado em Abril de 2012 na revista online OnCuba, que encontramos já depois da nossa visita a Havana, Darío Leyva escrevia que Gilberto tinha sido “um pioneiro” na forma como se integrara na “economia do país” e dava nota que os cuentapropistas, ou seja, trabalhadores não estatais, seriam, no final desse ano, ao redor dos 600 mil — isto num país com 11 milhões de habitantes.

Não sabemos se foi pioneiro ou não, mas sabemos que Papito se tornou um exemplo para muitos. Em pouco tempo, outros cabeleireiros quiseram fazer parte do projecto, que rapidamente deixou de se confinar às paredes daquele segundo andar. Papito desceu à rua, que à época era “uma das mais feias de Havana”, como o próprio diz, e iniciou um processo de contágio. “Depois de eu ter aberto o Arte Corte, outros cabeleireiros vieram instalar-se aqui. Devem ter reparado quantos salões há nesta rua.” E o que começou como um salão de cabeleireiro com vertente museológica transformou-se num projecto comunitário que foi crescendo mais e mais. Tanto que hoje incorpora uma escola — de cabeleireiros, claro —, uma galeria de arte e até o Barbe Parque, um parque de diversões mais vocacionado para os miúdos mas onde a população mais carenciada do bairro pode cortar o cabelo a preços em conta. A inauguração do Barbe Parque aconteceu em 2013, a 27 de Dezembro, dia que em Cuba está dedicado aos cabeleireiros. 

Papito tem noção do que o seu projecto, que recebeu entretanto o apoio do Gabinete do Historiador de Havana, organismo responsável pela restauração do centro histórico da cidade, significou para o Bairro de Santo Ángel — “Tirei alguns miúdos da rua, dando-lhes a oportunidade de aprenderem um ofício” — e também tem uma imaginação sem limites. Depois do Barbe Parque, está já a fazer contactos com cabeleireiros de todo o mundo para que o ajudem a criar uma estátua gigante para a Calle Aguiar. “Estou a pedir para que me doem uma tesoura que já não usem. A ideia é construir uma tesoura gigante a partir das tesouras usadas. Quem doar uma, receberá em casa um número que lhe permitirá, depois, identificar onde está a sua tesoura na obra final”, revela.

Por influência de Gilberto Reina, a Calle Aguiar já é conhecida por muitos como Callejón de los Peluqueros. Quem se aventurar para lá do eixo confortável Plaza Vieja-Plaza San Francisco-Plaza de la Catedral e quiser aqui chegar basta atirar isso mesmo, peluqueros, a quem passa. Entretanto, já terá percorrido um par de ruas esconsas e menos amistosas, já terá perdido o rasto às hordas de turistas e até já terá pensado que o melhor será voltar para spots mais concorridos. Siga à confiança. Quando por fim chegar à Aguiar, perceberá de imediato: os edifícios foram recuperados, as fachadas pintadas de cores vistosas, respira-se uma atmosfera cool — veja-se o slogan do restaurante El Figaro (assim baptizado em homenagem à ópera de Rossini O barbeiro de Sevilha), explorado por um primo de Papito: Comida sin pelos.

--%>