Fugas - Viagens

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Cuba: Jogo de sombras (mais o sol das Caraíbas)

Em technicolor surge-nos a Tribuna Anti-Imperialista José Marti: ao domingo, são 138 as bandeiras cubanas ondeando no topo de postes (que noutros dias parecerão um cemitério de mastros) mirando (e tapando) o edifício Secção de Interesses dos Estados Unidos. É mais uma curiosidade desse grande anfiteatro que é um dos símbolos de Havana. Falamos, claro, do Malecón, a avenida de oito quilómetros a mirar o Atlântico, onde os habaneros desaguam, sobretudo quando o sol começa a baixar no horizonte. É sala de estar e salão de baile da cidade e, à noite, a polícia é presença assídua entre a multidão que se concentra sobretudo no troço entre o Hotel Nacional e o castelo de San Salvador de la Punta.

Quando o nosso olhar se desvia do lado do mar, descobrimos o cenário do desenvolvimento urbanístico e arquitectónico da Havana moderna, um processo de adição, não de demolição. De Havana Velha ao Centro Havana e depois até ao Vedado: o Malecón como o vemos hoje começou numa esquina do Prado, com o Hotel Miramar (1903), seguiu com casario baixo num estilo ecléctico que mistura neoclássico com devaneios Art Nouveau no tramo mais antigo e terminou com prédios de traça modernista (alguns inesperadamente arrojados, como um que lembra um “formigueiro” em betão) e utilitarista (torres anódinas). Continua a destacar-se o Hotel Nacional, imaculadamente conservado entre tantas ruínas (mesmo quando não o são).

Claro que não há melhor miradouro para o Malecón do que o mar, esse mar omnipresente em Havana, ponto de fuga de todas as insularidades. Nós embarcamos no terminal Sierra Maestra para navegar em catamarã até à Marina Hemingway, onde chegamos depois de percorrer um canal estreito quase cinematográfico — e de repente quase poderíamos estar do outro lado, em Miami, que se adivinha no horizonte. Outra vista inesquecível é a que temos do outro lado da baía desde o Morro Cabaña, onde se situam duas fortalezas que protegiam a cidade dos ataques de corsários.

Câmara escura

Porque a história tem destes caprichos, a verdade é que o Malecón, que parece fazer parte de Havana desde sempre, só existe desde o início do século XX e foi invenção norte-americana durante a ocupação da ilha — décadas mais tarde, chegou a pensar-se em criar uma ilha artificial defronte do Malecón, como parte do plano de transformar Havana numa capital do jogo na altura em que a Lei Seca imperava nos EUA. Não houve ilha, mas houve, por exemplo, uma sede de uma companhia construída em estilo moderno entre os casarões da Calle Obispo, que a intervenção do Gabinete do Historiador cobriu de espelhos para que reflectisse as fachadas dos edifícios coloniais em redor.

Uma ilusão distinta da criada na praça de São Francisco, em frente ao porto de Havana. Aparentemente, edifícios coloniais e republicanos compõem o cenário tutelado pela igreja e convento que lhe dão nome (hoje museu de arte religiosa), calcário com aquele aspecto que se repete nesta zona histórica — pedras como se estivessem corroídas, picadas, a desfazerem-se. Porém, um olhar mais atento permite-nos descobrir os pontos em que vemos que algumas fachadas são “postiças” e edifícios que juraríamos ser coloniais são apenas adaptações barrocas.

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